domingo, 24 de julho de 2011

COMPILAÇÃO DA BIBLIA

Evangelhos Apócrifos



 
Segundo Judas, Maria Madalena, Tomé e Felipe







   
Nunca se falou tanto dos evangelhos apócrifos como neste tempo em que vivemos. Tamanha disseminação das mensagens encontradas nesses textos me leva ao convencimento de que é chegada a época de se desvendar as verdades que por séculos ficaram encobertas.
A Bíblia não é a mensagem única de Deus, não contempla em si todas as verdades religiosas nem históricas, uma vez que existiram bem mais evangelhos sobre o cristianismo do que aqueles colocados na Bíblia (Marcos, João, Lucas e Mateus).
Foi por volta do ano 327 depois de Cristo, que o Imperador Romano Constantino, a partir do Concílio de Nicéia, copilou as principais tendências religiosas existente nos três primeiros, fazendo nascer daí o cristianismo tal como conhecemos, quando foram escolhidos os textos para comporem a Bíblia, tendo ficado de fora, ao que se sabe, pelo menos sessenta evangelhos cristãos.
A decisão de Constantino foi mais política que religiosa, pois ele sabia que, copilando as principais vertentes religiosas da época, acabaria por unir todo império romano, que se encontrava por demais dividido, situação que vinha pondo em risco o seu poder imperial. 
Assim, da corrente religiosa que tinha Mitra como deus pagão, foi inspirada a idéia da morte em sacrifício e da ressurreição ao terceiro dia, tal como era contada a história de Mitra. Da vertente religiosa que tinha Isis como deusa, Constantino e o Concílio de Nicéia retiraram a idéia da virgem Maria e a idealização da família sagrada (José, Maria e Jesus). Essa família, tal como idealizada, tem sido claramente contestada por historiadores das religiões, uma vez que José possuía filhos de seu primeiro casamento e também acabou tendo outros filhos com Maria, além de Jesus. 
E os outros evangelhos apócrifos? Que destinos lhes foram dados? Sabe-se que ocorreu verdadeira caça às bruxas. Muitos foram queimados ou perdidos por se oporem frontalmente às bases do cristianismo colocadas na Bíblia. O decreto Gelasiano assinado pelo Papa Gelásio, falecido em 496, continha uma lista de sessenta livros apócrifos do Segundo Testamento, que deveriam ser evitados pelos cristãos. Mais da metade deles foi parar, infelizmente, na fogueira. Daí a importância de se encontrar os evangelhos como o de Maria Madalena e o de Judas,  resguardados, certamente por forças espirituais, milagrosamente escondidos, para no futuro serem, enfim, revelados a todos, tal como vem ocorrido. 
O ano de 2006 surpreendeu a todos os cristãos com a divulgação para todo o planeta, pela emissora de televisão a cabo “National Geographic”, do evangelho segundo Judas, após ter este ficado desaparecido por cerca de 1700 anos. A sua existência já havia sido confirmada, historicamente, por Irineu, primeiro bispo de Lyon, na metade do século  II, quando o denunciou  por heresias. 
Contendo 26 páginas em papiro, transcrito de um texto ainda mais antigo, o evangelho está escrito em dialeto copta (Egito antigo); tendo sido autenticado depois de rigorosos testes, por especialistas, como sendo oriundo do século III. Acredita-se que o Evangelho foi copiado por volta de 300 d.C. e encadernado em couro, ficando desaparecido desde então. Em 1970 foi descoberto no deserto egípcio de El Minya. 
Passado nas mãos de diversos vendedores de antiguidades, acabou chegando à Europa, e, mais tarde, aos Estados Unidos, permanecendo no cofre de um banco de Long Island por cerca de 16 anos, o que levou a sua deterioração em cerca de trinta por cento. Em 2000, foi comprado por um antiquário suíço, que preocupado com a sua deterioração, entregou-o, em fevereiro de 2001, à fundação suíça Maecenas Foundation for Anciente Art, com o objetivo de que ele fosse devidamente preservado e traduzido. Após a restauração, a análise e tradução ficaram a cargo do professor Rudolf Kasser, da Universidade de Genebra. O seu destino agora deverá ser o museu do Cairo. 
Contestando a versão dos quatro Evangelhos bíblicos, o de Judas evidencia que não houve traição dele a Jesus como propalado, mas que, a atitude de Judas de entregá-Lo aos Romanos foi em decorrência de pedido feito pelo próprio Jesus. Judas deveria agir dessa forma para que o espírito de Jesus fosse libertado da vestimenta corpórea, conforme consta em uma passagem do evangelho: 
Você superará todos eles. Você sacrificará o homem que me cobriu.



    
E Judas “traiu”, entregando Jesus aos soldados imperiais com um beijo, como se pode ver, a seguir, na pintura de Michelangelo Caravaggio, criada em 1602.






  

Imagem retirada da Revista Veja edição 405 – 20/02/06 







Essa versão da história contada no evangelho segundo Judas de que a traição foi uma representação pedida por Jesus pode, a princípio, parecer sem sentido; entretanto, certo é que Jesus detinha em seu íntimo clara missão a ser cumprida. Além disso, é preciso considerar que o Jesus dos evangelhos apócrifos se apresenta bem distinto daquele inserto na Bíblia. 
O Jesus esotérico dos textos não bíblicos transmitia aos seus discípulos  conhecimentos mais complexos que aqueles divulgados pelo cristianismo. Como exemplo de ensinamentos mais densos, veja a surpreendente resposta de Jesus ao questionamento de um discípulo:  

- Mestre, onde você foi e o que fez quando nos deixou?

-  Eu fui para outra grande e santa geração.  

Com esse diálogo, ainda mais confirmado pelos textos que se seguiram no evangelho, Jesus quis enfatizar que esteve em outra dimensão, provavelmente em viagem extracorpórea, embora não tenha explicado a maneira pela qual se utilizou para estar em outro local dimensional. 
Voltando ao tema da traição a pedido, é encontrada em seu evangelho a passagem em que Judas comenta com Jesus sobre uma visão que teve mostrando o conceito ruim dos demais apóstolos para com ele em razão de seu ato de entregar Jesus aos Romanos:  




Na visão, eu vi como os doze discípulos estavam me apedrejando e perseguindo severamente (...) também fui para um lugar (...) vi uma casa (...) meus olhos não puderam compreender o seu tamanho...  




E Jesus lhe respondeu:  



Nenhuma pessoa de nascimento mortal é merecedora de entrar na casa que você viu. Aquele lugar é reservado para os santos (...) Você superará todos eles {os discípulos} Você sacrificarás o homem que me cobriu (...) Erga para cima seus olhos, veja a nuvem e a luz dentro dela e as estrelas que a cercam. A estrela que conduz é a sua estrela. Judas ergueu para cima os olhos e viu a nuvem luminosa (...) e ouviu uma voz vinda da nuvem... {o texto sobre voz foi perdido em virtude da deterioração do pergaminho}  




Como visto nos trechos citados, não se pode falar de traição de Judas, mas, sim, de cumprimento do que lhe fora pedido por Jesus e por planos espirituais superiores. 
Registro aqui que, intuitivamente, desde muito jovem, eu não via  Judas como traidor e, sim, como personagem importante de um cenário necessário. Por essa razão, ao conhecer as passagens do evangelho segundo Judas, não fiquei surpreso, apenas, senti grata confirmação daquilo que já vivenciava em meu íntimo desde criança. 
Desde a descoberta, em 1945, em Nag Hamadi, no alto Egito, dos evangelhos de Tomé e Maria Madalena, outros textos apócrifos têm sido difundidos ultimamente, gerando polêmicas sérias sobre o real enfoque espiritualista. Entre eles, destaco o de Maria Madalena, embora tida com prostituta, foi, em verdade, a discípula mais próxima de Jesus em todos os sentido, em especial, na captação de seus ensinamentos espirituais. 
Cito, a seguir, algumas passagens do evangelho segundo Maria Madalena que apresentam visões especiais sobre a espiritualidade ensinada pelo Mestre Jesus. 
É necessário viver em harmonia com todos, porque os seres estão interligados, cada um é importante componente do todo. Assim, Jesus disse:  




Todas as espécies, todas as formações, todas as criaturas estão unidas, elas dependem umas das outras, e se separarão novamente em sua própria origem. Pois a essência da matéria somente se separará de novo em sua própria essência...  




Os pecados (ações e sentimentos negativos), segundo Jesus, são criações do homem, levando-o a sair do equilíbrio, gerando, por conseqüência, doenças e morte. Sobre essa visão, tão comum atualmente entre os terapeutas holísticos, Jesus ensinou: 



Não há pecado; sois vós que os criais, quando fazeis coisas da mesma espécie que o adultério, que é chamado 'pecado'. Por isso Deus Pai veio para o meio de vós, para a essência de cada espécie, para conduzi-la a sua origem. Por isso adoeceis e morreis [...]. Aquele que compreende minhas palavras, que as coloque em prática. A matéria produziu uma paixão sem igual, que se originou de algo contrário à Natureza Divina. A partir daí, todo o corpo se desequilibra. Essa é a razão por que vos digo: tende coragem, e se estiverdes desanimados, procurais força das diferentes manifestações da natureza. Quem tem ouvidos para ouvir que ouça. 



Sobre a espiritualidade, Jesus foi claro em dizer que esta precisa ser buscada no interior de cada um, pois é no íntimo do ser que se encontra a presença divina, que precisa ser alcançada e vivida plenamente. Nesse sentido, Jesus falou, alertando para que não fosse ensinado nada diferente do que ele mostrou:  




Tomai cuidado para que ninguém vos afaste do caminho, dizendo: 'Por aqui' ou 'Por lá', pois o Filho do Homem está dentro de vós. Segui-o. Quem o procurar, o encontrará. Prossegui agora, então, pregai o Evangelho do Reino. Não estabeleçais outras regras, além das que vos mostrei, e não instituais como legislador, senão sereis cerceados por elas.  




No final da citação anterior, pode-se ver que Jesus alertou a seus discípulos, antevendo os fatos que acabariam dominando as religiões do futuro, que não ensinasse nada além do que havia sido mostrado por Ele. 
Com o mesmo enfoque de busca interior da espiritualidade, encontra-se uma passagem em outro evangelho apócrifo (segundo Tomé), através da qual Jesus ensinou:  





O reino está dentro de vós e também em vosso exterior. Quando conseguirdes conhecer a vós mesmos, sereis conhecidos e compreendereis que sóis os filhos do Pai vivo. Mas se não vos conhecerdes, vivereis na pobreza e sereis a pobreza.   




 
Esses ensinamentos, encontrados no Evangelho de Maria Madalena e de Tomé, constituem-se, essencialmente, na base dos estudos difundidos pelos espiritualistas, que enfocam a necessidade de se buscar a evolução espiritual no interior de cada ser, procurando a presença divina e se tornando una com ela. 
Paralelamente à profunda mensagem espiritualista encontrada nos evangelhos citados, cujo conteúdo nem sempre é devidamente divulgado, outra questão tem ganhado relevância especial e até grande destaque na mídia: a ligação singular de Jesus e Maria Madalena; situação que ensejava até questionamentos entre os próprios discípulos como se vê na fala de Pedro, abaixo transcrita do evangelho segundo Madalena:  






Irmã, sabemos que o Salvador te amava mais do que qualquer outra mulher. Conta-nos as palavras do Salvador, as de que te lembras, aquelas que só tu sabes e nós nem ouvimos (..} Será que ele realmente conversou em particular com uma mulher e não abertamente conosco? Devemos mudar de opinião e ouvirmos ela? Ele a preferiu a nós? Então Maria Madalena se lamentou e disse a Pedro: Pedro, meu irmão, o que estás pensando? Achas que inventei tudo isso no meu coração ou que estou mentindo sobre o Salvador?  





Em face desse diálogo entre Pedro e Maria Madalena, Levi interviu:  





Pedro, sempre fostes exaltado. Agora te vejo competindo com uma mulher como adversário. Mas, se o Salvador a fez merecedora, quem és tu para rejeitá-la? Certamente o Salvador a conhece bem. Daí a ter amado mais do que a nós. É antes, o caso de nos envergonharmos e assumirmos o homem perfeito e nos separaremos, como Ele nos mandou, e pregarmos o Evangelho, não criando nenhuma regra ou lei, além das que o Salvador nos legou.  






Inegavelmente, a ligação de Jesus e Maria Madalena ia mais além, como se lê em outro evangelho apócrifo, o de Felipe, no seguinte trecho:   





E a companheira do Salvador é Maria Madalena. Cristo amava-a mais do que a todos os discípulos e costumava beijá-la com freqüência na boca. O resto dos discípulos ofendia-se com isso e expressava sua desaprovação. Diziam a ele: Porque tu amas mais do que a nós todos?   





Como observei anteriormente, o mais importante, a meu ver, sobre os evangelhos chamados apócrifos, é que eles vieram enfocar uma outra forma de viver a espiritualidade, desapegada de rituais e religiões, mas vivenciada no interior de cada um, com reflexo nos comportamentos externos, em todos os lugares, principalmente fora dos templos. Contudo, entendo justo ter chegado o momento para que seja revelado, também, o amor maravilhoso vivenciado por Jesus e Maria Madalena, que em nada os desvaloriza, mas que enfatiza a justa e bela forma de amar a dois, sem qualquer comprometimento de suas atividades espirituais; pelo contrário, contribuiu para a manifestação espiritual do amor incondicional por todos. 
Tal como escrevi em março de 2005 no meu artigo Maria Madalena, uma outra história, sabe-se por mensagens canalizadas que Maria  Madalena e Jesus são almas gêmeas e que encarnaram na palestina com missão de ajuda mutua. Convergindo para essa tese, Célia Fenn, canalizou, recentemente, importante mensagem de Maria Madalena, cujos trechos abaixo transcrevo, mostrando definitivamente a grandiosa importância de Madalena e a ligação singular com Jesus. 
Maria Madalena se apresenta na mensagem canalização da seguinte forma:  





Eu sou Maria Madalena. Talvez me conheçam, mas poucos de vocês sabem quem sou na realidade, ou quem fui. Pois sim, fui a companheira do que se chamou Yeshua Ben Josef. E sim, há muitas histórias a respeito de nós e das nossas vidas. Ambos fomos Avatares da Nova Era da Consciência "Crística", mas os que escreveram essas histórias estiveram influenciados pelas suas crenças de que a única experiência importante era a masculina, e por isso a vida do Avatar Feminino, Maria Madalena, foi negligenciada e esquecida.





Madalena explica o plano que foi feito para que ela e Jesus nascessem no mesmo período:  






Mas foi necessário que, para equilibrar a futura Idade Dourada, nascesse um Avatar de cada sexo, e que eles se unissem como companheiros, criando os perfeitos Modelos para a Futura Era de Luz! E assim foi! Nasci numa família normal de Israel, mas eu nunca fui "normal". Levava no meu interior a Chama Sagrada do Feminino Divino desde o momento em que fui concebida como humana. Nasci como uma perfeita Menina "Crística". Fui a “filha” encarnada da Mãe Divina. Igual a Yeshua, fui treinada pelas mulheres nos ensinos secretos dos Essênios. Como ele, eu era um grande prodígio pelo meu saber e conhecimento das antigas artes da sabedoria das mulheres que estava bem alem dos meus anos.





  
Sobre a União Sagrada, expressão de sabedoria espiritual e de amor incondicional, Madalena assim falou em sua mensagem canalizada:  






Esta união apaixonada do sexual e do espiritual é o que conduziu à remoção da história de Maria Madalena e da sua União Sagrada com o Yeshua Ben Josef das histórias que comemoram a vida de Yeshua. E sim, chamaram-me "prostituta" e "impura" pelo meu conhecimento dos dons do êxtase sexual. Que triste foi que o caminho do Feminino Divino não fosse honrado ao mesmo tempo que o caminho do Masculino Divino representado por Yeshua. De fato, essa omissão conduziu à distorção da verdade a respeito das nossas vidas. Porque o verdadeiro caminho do Avatar não foi o sofrimento e o martírio. Essa foi uma interpretação posterior feita por quem tinha outros planos. O verdadeiro caminho do Avatar foi criar um caminho para o Êxtase e a Unidade através do Amor Incondicional. E foi alcançado por nós! Foi esta realização que agora nos permite que levemos a vocês os ensinos da União Sagrada e os caminhos do Feminino Divino e do Masculino Divino. Esta foi a maior realização das nossas vidas, e essa Alegria e esse Amor é o que queríamos transmitir como nosso legado, não o sofrimento nem o derramamento de sangue das incontáveis guerras e cruzadas disputadas num entendimento errôneo da natureza da energia Divina Masculina e do caminho de Yeshua!  





E finaliza, dizendo sobre o momento de se viver o relacionamento de chamas gêmeas:   






Queridas irmãs, é hora de elevar a vossa consciência novamente e ver que o vosso corpo é o Templo da vossa Alma e do vosso Espírito. É um corpo Feminino, um corpo de mulher, e é o Templo do Feminino Divino. Esta é uma energia poderosa e sagrada, uma chama da energia Solar Feminina que lhes permite experimentar a energia da Fonte como uma Grande Mãe. Mas também lhes permite experienciar o êxtase de uma relação entre Chamas Gêmeas na qual se reúnem o Divino Feminino e o Divino Masculino ao serviço da Fonte e de seu Amor por Tudo O Que É!  





Percebi, pela intuição, que seria  importante juntar, aos textos apócrifos, alguns trechos canalizados, para que, com isso, pudesse ser observado, que a história do cristianismo e a visão da sexualidade foram manipuladas e deturpadas igualmente nesses dois mil anos. Mas, ao mesmo tempo, é possível ver com alegria, que é chegado o tempo para o florescimento da verdade, tanto através dos evangelhos apócrifos que reapareceram recentemente, como pelas mensagens canalizadas, que fluem em quantidade por todo o planeta. 
Como se pode ver, o caminho ensinado por Jesus foi a espiritualidade interior, gerando o amor incondicional praticado; mas, isso em nada se contrapõe ao amor físico, sexual, a ser vivido a dois, que a rigor, constitui-se de pura e fantástica energia divina, gerando a alegria de viver e praticar o amor incondicional para com tudo que existe. Desse modo, Jesus e Maria Madalena viveram essa experiência plena aqui na Terra, em suas missões especiais para disseminar o amor incondicional. 
Não quero, com este artigo, melindrar as pessoas e a fé de ninguém, no entanto, estou convencido de que se pode repensar a história do cristianismo, vê-la de outra forma, mais realista e não menos bela. Pelas novas e fundamentadas informações, tão amplamente divulgadas, com base em documentos históricos legítimos e por importantes mensagens canalizadas, parece inegável que Jesus e Maria Madalena deixaram legados de puro amor a dois, de puro amor incondicional, de esperança, de certeza na vida eterna a ser vivida pelos casais de almas gêmeas a começar pela vida terrena.
Na madrugada do dia 15 de julho de 2006, quando este artigo já estava praticamente terminado, meu corpo astral teve um encontro emocionante: com Jesus e Maria Madalena. Diferente da experiência em que me vi em Jerusalém testemunhando um de Seus milagres (ver texto  “Presente Espiritual”, do livro “Outra vida nova chance”), quando  Jesus era bem moreno e usava barba escura (seu verdadeiro corpo terreno); desta feita, Jesus se apresentou com o seu corpo astral: estatura alta, pele e cabelos claros. Entre outras questões, Ele me disse que os Seus ensinamentos terrenos foram destorcidos ao longo do tempo, afetando consideravelmente o rumo da história espiritual terrena; pois muito do que se sabe, ensinado pelas religiões, não corresponde efetivamente ao que Ele deixou de legado em sua passagem terrena.
Se as pessoas foram sabotadas pela história tradicional ao longo de dois mil anos, seja por ignorância ou interesses escusos, é tempo de abrir os olhos e ver a bela realidade, sorrindo, de uma história fascinante e revolucionária, que pode e certamente levará às pessoas a repensarem as suas vidas, as suas práticas religiosas e existenciais. Quem tem ouvidos para ouvir que ouça {fala de Jesus no evangelho segundo Maria Madalena}.  














 

PRIORADO DE SIÃO

Priorado de Sião


Suposto emblema oficial do Priorado de Sião que é parcialmente baseado na flor-de-lis, que era um símbolo particularmente associado à monarquia francesa.[1]
 
 
 
 
 
O Priorado de Sião (em francês:Prieuré de Sion) é, em si, um grupo de variadas sociedades tanto verídicas como falsas das quais se destaca uma sociedade fraternal francesa fundada em 1956 por Pierre Plantard.
De acordo com as divulgações de Pierre Plantard recolhidas pelos autores anglo-saxónicos Henry Lincoln, Michael Baigent e Richard Leigh e publicadas na obra The Holy Blood and the Holy Grail em 1982, o Priorado de Sião seria uma sociedade secreta fundada em Jerusalém no ano de 1099 e que jurara proteger um segredo acerca do Santo Graal, entendido por estes autores como uma hipotética descendência humana de Jesus Cristo.
O Priorado de Sião se tornou assunto de controvérsia histórica e religiosa durante as décadas de 1960 e 1980. Durante o período de 1980 foi alegado pelo próprio Plantard que o Priorado não passava de uma conspiração com o objetivo de restaurar a monarquia francesa, porém muitos teólogos e historiadores persistem em crer que há um segredo sob o Santo Graal que envolve o Priorado.[2]

História

A flor-de-lis retratada no brasão de armas do Papa Paulo VI.
 
 
 
 
 
O Priorado de Sião foi fundado oficialmente como uma associação francesa em 20 de julho de 1956 na vila de Annemasse.[3]. O pedido de autorização de constituição foi efetuado em 7 de Maio de 1956, na Sub-Prefeitura de Polícia de Saint-Julien-en-Genevois (Alta Sabóia), mediante uma carta assinada pelos quatro fundadores: Pierre Plantard (1920-2000), André Bonhomme, Jean Deleaval e Armand Defago.
A sede social estava estabelecida na casa de Plantard em Annemasse. O texto de constituição, conforme consta no Journal Officiel, número 167, segundo Pierre Jarnac, é o seguinte: "25 juin 1956. Déclaration à la sous-préfecture de Saint-Julien-en-Genevois. Prieuré de Sion. But: études et entr'aide des membres. Siège social: Sous-Cassan, Annemasse (Haute-Savoie)."
A escolha do nome faz referência a uma região da cidade Annemasse denominada Mont Sion, onde os fundadores se reuniam frequentemente. A sociedade também fazia uso da sigla CIRCUIT que significa em francês Chevalerie d'Instituições Règles et Catholiques d'Union Independente et Traditionaliste (Cavalaria da Instituição e Regra Católica e de União Independente Tradicionalista).[4]
Segundo os estatutos do Priorado de Sião os principais objetivos desta sociedade eram:
"La constitution d'un ordre catholique, destiné à restituer sous une forme moderne, en lui conservant sont caractère traditionaliste, l'antique chevalier, qui fut, par son action, la promotrice d'un idéal hautement moralisateur et élément d'une amélioration constante des règles de vie de la personnalité humaine"[5]
"A constituição de uma ordem católica, destinada a restituir numa forma moderna, conservando o seu carácter tradicionalista, o antigo cavaleiro, que foi, pela sua acção, a promotora de um ideal altamente moralizante e elemento de um melhoramento constante das regras de vida da personalidade humana".
Outros estatutos do Priorado também incluem a prestação de serviços de apoio ao Catolicismo Francês e até mesmo os membros fundadores da sociedade se auto-proclamavam aliados da Igreja Católica e descreviam o Priorado como uma autêntica sociedade Católica.
O Priorado foi oficialmente dissolvido em Outubro de 1956, porém revivido por Plantard entre 1961 e 1963. O Priorado de Sião é considerado oficialmente extinto pelas autoridades francesas já que não apresenta atividade perceptível desde a década de 1950. Segundo a Lei Francesa ninguém detém direitos legais sobre o Priorado de Sião e com o falecer de Plantard em 2000, nenhum cidadão francês possui direitos sobre o nome e estatuto do Priorado.[6]

Mitologia

Os Pastores da Arcádia de Nicolas Poussin, também descrita como Et in Arcadia ego pelos membros do Priorado, é associada a esta sociedade.
 
 
 
 
 
De acordo com Pierre Plantard, o principal fundador do Priorado de Sião, esta sociedade teria contado entre os seus membros um grande número de personagens da história parcialmente ligadas ao ocultismo, às artes e às ciências. Dentre estes possíveis membros estão Nicolas Flamel, Leonardo da Vinci, Isaac Newton, Claude Debussy, Botticelli, Victor Hugo, Charles Nodier, Jean Cocteau e outros.
Segundo Plantard, o Priorado era a organização que influenciara de forma oculta outras sociedades como a Ordem dos Templários, a Ordem de Rosacruz e até mesmo os Maçons. De acordo com Lincoln, Baigent e Leigh, o Santo Graal seria o "sangue real" de Cristo (os autores sugerem como hipótese que a expressão "Saint Graal" seja lida como "sang real"), ou seja, a linhagem dos seus hipotéticos descendentes.
É frequente ver-se referida a obra de Thomas Malory (1405-1471),[7] como uma prova de que certos autores medievais teriam usado a expressão sangreal no sentido de "sangue real". Neste romance sobre o Graal figura em abundância a expressão sangreal, mas também surge por vezes a expressão saynt greal. Deste modo, fica claro que Malory concatena por vezes as palavras saynt e greal para construir a expressão sangreal, sempre com o significado de "Santo Graal". A decomposição de sangreal em duas palavras distintas, sang e real, é uma invenção recente dos autores Lincoln, Baigent e Leigh, para tentar obter crédito para as suas teorias acerca de uma descendência de Jesus Cristo.
Nas temáticas do Priorado, majoritariamente compostas por Plantard e pelo seu amigo Phillipe de Chérisey (1925-1985) durante os anos 1960 e 1970, encontram-se também envolvidos outros temas e personagens históricos como a simbologia alquímica, o caso Gisors[8] o padre Bérenger Saunière e a lenda do tesouro de Rennes-le-Château, os pintores Nicolas Poussin (1594-1665) e David Teniers (filho) (1610-1690), o cruzado Godofredo de Bulhão (1058-1100), o Papa João XXIII (1881-1963) e outros. Essencial na divulgação destas temáticas junto do grande público foi o jornalista Gérard de Sède (1921-2004), sobretudo através das suas obras Les templiers sont parmi nous (1962) e L'or de Rennes[9] (1967).
No que diz respeito ao padre Bérenger Saunière e à lenda do tesouro de Rennes-le-Château, Plantard e Chérisey inspiraram-se na versão romanceada da vida do padre que fora criada por Noël Corbu a partir de 1953, ano em que este inaugurou o Hôtel de la Tour em Rennes-le-Château, no edifício que Saunière chamara de Villa Béthanie[10].
Chérisey iria compor, nos anos sessenta, dois famosos "pergaminhos" codificados. Estes pergaminhos serviriam, juntamente com uma resenha de documentos forjados (que inclui os famosos Dossiês Secretos) depositada na Biblioteca Nacional de Paris entre 1964 e 1977, para tentar legitimar Plantard como descendente merovíngio e herdeiro do trono de França. Juntamente com Plantard, Chérisey inspirara-se na lenda criada por Noël Corbu de que Saunière descobrira um tesouro com a ajuda de pergaminhos codificados que teriam sido encontrados na igreja de Santa Maria Madalena em Rennes-le-Château, no final do século XIX.
O mistério de Rennes-le-Château, publicitado inicialmente por Noël Corbu como um fabuloso tesouro para permitir a rentabilização turística do seu Hôtel de la Tour, passaria assim, sob a égide de Plantard e Chérisey, para uma nova fase na qual o carácter monetário de um hipotético tesouro seria desprezado e o carácter secretivo dos pergaminhos codificados surgiria como o verdadeiro mistério a descobrir. Plantard e Chérisey, com a ajuda de Gérard de Sède (durante um tempo, os três foram sócios na partilha dos lucros das vendas dos livros deste último), tudo fariam para adulterar a verdade histórica acerca da vida do padre Saunière, de forma a transformá-lo num ocultista e num esoterista, por outras palavras, numa pessoa influente nas sociedades secretas e no ocultismo francês, chegando a ser inventada uma fantasiosa viagem de Saunière a Paris, na qual o padre teria levado os ditos pergaminhos codificados para serem interpretados pelo erudito Emile Hoffet.
O historiador local René Descadeillas (1909-1986) é o autor da primeira obra historiográfica sobre as mistificações em torno de Rennes-le-Château, Mythologie du trésor de Rennes (1974). De forma clara, o autor explica como Gérard de Sède e Pierre Plantard começaram a montar o "dossiê" Rennes-le-Château, composto sobretudo de recortes e colagens que misturavam pessoas e factos reais com ficção e fantasia:
"Em 1965, apareceu na região uma personagem que não estávamos acostumados a encontrar. Era um jornalista, o senhor de Sède. Ele vinha de Paris. Era conhecido por ter, dois anos mais cedo, publicado na editora Julliard um livro, «Les Templiers Sont Parmi Nous», onde ele se tinha esforçado por demonstrar que os Templários, prevendo a interdição da sua ordem, teriam escondido os seus imensos bens no castelo de Gisors, no Vexin. Numa tarde de Março de 1966, ele chegou a Carcassonne depois de uma paragem em Villarzel-du-Razès onde lhe teriam negado, dizia ele, o acesso à biblioteca do falecido padre Courtauly. De que vinha ele à procura? Segundo ele, o padre Courtauly, falecido em 1964, possuía obras raras, nomeadamente uma obra de Stüblein, «Pierres gravées du Languedoc» , indispensável a quem quer que tentasse penetrar no mistério de Rennes. Uma olhada na «Bibliographie de l'Aude», do padre Sabarthès: a obra em questão não figurava nem sob a assinatura de Stüblein, nem sob qualquer outra. Que livro seria este? O senhor de Sède possuía também fotocópias de dois documentos estranhos pela sua disposição e pela sua grafia: eram reproduções dos «pergaminhos» descobertos pelo padre Saunière aquando da demolição do altar-mor da sua igreja. Onde teria ele obtido os originais? Outro segredo. Aparentemente, o autor desta série de disparates tinha tentado imitar uma escrita da Idade Média. Mas a contrafacção era tão grosseira e tão inapropriada que um estudante de primeiro ano não a teria aceite sem exame. Foram submetidos à perspicácia do arquivista departamental cuja opinião foi prontamente sabida. O senhor de Sède procurava ainda duas publicações recentes: MÉTRAUX Maurice, «Les Blanquefort et les origines vikings, dites normandes, de la Guyenne sous la Féodalité», Bordéus, Imp. Samie, 21, Rue Teulère, 1964, brochura de 24 páginas com gravuras, e LOBINEAU Henry, «Généalogie des rois mérovingiens et origine des diverses familles françaises et étrangères de souche mérovingienne, d'après l'abbé Pichon, le docteur Hervé et les parchemins de l'abbé Saunière, de Rennes-le-Château (Aude)», in-fólio de 45 páginas, ilustrações a cores, esgotado, multigrafado, Genève, edição do autor, 22, Place du Mollard."[11]
Descadeillas, após algumas indagações, conseguiu obter uma informação valiosa sobre estas obras: tanto a de Métraux como a de Lobineau figuravam no Catálogo Geral da Biblioteca Francesa[12]. A obra do pseudo-Lobineau figurava neste catálogo porque foi depositada na Biblioteca Nacional por Pierre Plantard a 18 de Janeiro de 1964. Não satisfeito, Descadeillas pediu mais informações sobre a obra de Lobineau à Biblioteca Universitária de Genebra, bem com à Biblioteca Municipal da cidade: nem um sinal de uma obra com este título por Lobineau. A obra de Métraux, por outro lado, era bem real, mas era sobre a cidade Suíça de Blanquefort, e não tinha nada a ver com Rennes-le-Château. Faltava ainda determinar a origem da obra atribuída a Stüblein, Pierres gravées du Languedoc, que teria pertencido a um tal padre Courtauly, falecido em 1964. Vejamos o que diz Descadeillas:
"Faltava o «Pierres gravées du Languedoc», por Stüblein, do qual os papéis Lobineau nos davam um aperitivo. A obra permaneceu impossível de encontrar. Não voltámos a pensar no assunto e possivelmente nos teríamos esquecido dela se, no início de Setembro de 1966, o padre de Rennes-les-Bains não tivesse recebido de Paris, em sobrescrito lacrado, de um «termalista desconhecido», uma pequena brochura contendo fotocópias de gravuras parecidas às que figuravam no Lobineau com, à guisa de prefácio, algumas palavras do padre Courtauly . Este declarava em resumo «com o objectivo de ser útil aos pesquisadores» ter extraído da obra de Stüblein as gravuras que diziam respeito a Rennes-le-Château e a Rennes-les-Bains. A estranheza desta brochura, a sua total falta de autenticidade, os propósitos atribuídos ao padre defunto e incapaz de protestar, reforçaram ainda mais a suspeição que tínhamos sobre esta literatura. (...) As «Pierres gravées du Languedoc» são então um mito e, não hesitamos em afirmá-lo, a pequena brochura de extractos fotocopiados imputada ao padre Courtauly que nunca se interessou por arqueologia, é uma falsificação. Como são falsas as reproduções que ela contém: pedras ou lajes contendo sinais cabalísticos, a cabeça esculpida do presbitério de Rennes-les-Bains travestida em Dagoberto, os quadrados mágicos ou ditos mágicos e «tutti quanti». Mas porquê utilizar o nome do padre Courtauly? Porquê escolher este padre de preferência a outro qualquer? Porquê misturá-lo nestas efabulações, neste esoterismo primário? Prestar-se-ia a uma exploração ultrajosa dos seus feitos e gestos? Nada que se pareça: o padre Courtauly permaneceu toda a sua vida o bom e modesto padre de aldeia que ele sempre quis ser, não tendo outra preocupação senão as suas «ovelhas» e as suas homilias dominicais."[13]
As interrogações de Descadeillas são pertinentes. De onde surgira o interesse de Plantard pelo padre Joseph Courtauly (1890-1964)? O historiador de Carcassonne levanta, finalmente, a ponta do véu, ao falar sobre as “expedições culturais” de Plantard ao Languedoc, altura em que este teria conhecido o padre Courtauly nas termas de Rennes-les-Bains:
"Como teria este bom e velho padre acabado por ter o seu nome associado a estas efabulações aberrantes? Por que surpreendente concurso de circunstâncias? Ainda nos perguntaríamos se não tivéssemos sabido que nos seus últimos anos de vida, quando estava a banhos em Rennes-les-Bains, ele encontrava frequentemente uma curiosa personagem que começava a ser costume ver por estas paragens desde o final dos anos cinquenta. Ele morava em Paris. Não tinha ligações à região nem relações conhecidas. Era um indivíduo difícil de definir, apagado, secreto, cauteloso, não desprovido de uma eloquência que aqueles que o interpelaram diziam ser imbatível. Ele não seguia um tratamento médico regular. Assim questionava-se sobre as razões das suas aparições repetidas, porque ele vinha mesmo no Inverno. Igualmente, conjecturava-se sobre o interesse que despertavam nele as curiosidades naturais ou arqueológicas, porque não se tratava de um intelectual. Ele intrigava as gentes pela estranheza das suas atitudes: ele ia, calcorreando a região, inquirindo sobre a origem das propriedades, deitando de preferência o olho a matagais ou terras abandonadas que não interessavam a ninguém. Que queria ele fazer? Desbravar estas terras desoladas e nelas lançar a charrua? Vocação bem tardia: ele já não era novo. (...) As suas idas e vindas, as questões que ele colocava a uns e a outros não podiam ficar sem eco. Tinham-no por um maníaco e alguns possivelmente riam mesmo dele sem suspeitarem de que o homem usava todos os estratagemas para constituir um dossiê onde os acontecimentos banais, os pequenos factos, tomavam proporções inesperadas, onde reflexões sem interesse, apreciações precipitadamente feitas, palavras no ar adquiriam tanto mais relevo quanto ele as colocava na boca de pessoas respeitáveis e estimadas pela sua sabedoria, mas talvez enfraquecidas pela idade. Ele não temia em atribuir-lhes declarações que gravava num gravador de cassetes, onde é possível, como se sabe, a quem quer que seja debitar uma história qualquer. Assim atribuiu ele ao padre Courtauly propósitos extravagantes que não concordam nem com a vida nem com o carácter deste padre. Neste ponto, aqueles que conheceram e privaram com o padre são formais. Posto isto, damo-nos conta, pelo próprio jogo das concordâncias, que a mesma personagem era o autor dos papéis Lobineau. Provavelmente estaremos perante um paranóico porque ele próprio inscreveu o seu nome em bom lugar na pretensa descendência do rei Dagoberto II."[14]
Descadeillas não refere o nome de Plantard, e a razão é simples: escrevendo no início dos anos setenta, precisamente no auge da mistificação do Priorado, o historiador não desejara meter-se em problemas citando o nome de Plantard, mas é evidente que é deste que se trata, porque Plantard apresentava-se como "Pierre Plantard de Saint-Clair, descendente de Dagoberto II", por via de uma linhagem dinástica falsificada que principiava no lendário príncipe merovíngio Segisberto IV (séc. VII).

A revisão do Mito

Em 1989, Pierre Plantard, desgastado pela progressiva divulgação em França da natureza fraudulenta da sua criação, decidiu negar a teoria de que o Priorado de Sião dataria de 1099 e teria sido fundado por Godofredo de Bulhão, mudando a data de fundação para o dia 17 de Janeiro de 1681. Segundo esta nova versão de Plantard, o Priorado teria sido criado nesta data, em Rennes-le-Château, por Jean-Timoleon Negri d'Ables.

A confissão da fraude

Pierre Plantard confessou perante a Justiça Francesa em 1993 (mais concretamente, ao juíz Thierry-Jean Pierre, no âmbito do processo Roger-Patrice Pelat[15]) ter criado esta sociedade com o objectivo de o legitimar para o trono de França como descendente Merovíngio.

A exportação da fraude

Em 1982, Lincoln, Baigent e Leigh, aproveitando a sugestão de Plantard e Chérisey de que os Merovíngios descenderiam da Casa de David, fariam com a sua obra O Santo Graal e a Linhagem Sagrada, a sugestão hipotética de que estes monarcas descenderiam de Jesus Cristo. Ao saber desta hipótese, Plantard rejeitou-a publicamente na comunicação social francesa, afirmando que os anglo-saxónicos se estavam a aproveitar das suas teorias[16].
Numerosos autores acrescentaram detalhes a este mito moderno, mesmo após a revisão do mito em 1989 e a confissão de Plantard em 1993, criando um entrecruzamento sem fim de teorias e contra-teorias. Umberto Eco, na sua novela de 1988 o Pêndulo de Foucault, satirizou o sistema de associação sem provas que constitui o fundamento da pretensa sociedade secreta, e de modo geral, a forma de fazer pseudo-história que pode ser encontrada em tantas obras que se inspiraram na fraude do Priorado e nas teorias de Lincoln, Baigent e Leigh.

Estrutura

O Priorado e os Templários

Segundo Plantard, os Cavaleiros Templários e o Priorado de Sião seriam duas facetas de uma mesma organização: a primeira pública e a última secreta. Plantard afirmava que a Igreja Católica tinha traído os Merovíngios ao legitimar a dinastia carolíngia. Segundo Plantard, o Priorado teria como missão proteger os descendentes da dinastia merovíngia, organizando-se contra a Igreja Católica:
"… os descendentes merovíngios estiveram sempre na base de todas as heresias, desde o arianismo, passando pelos cátaros e pelos templários até à franco-maçonaria. Com o nascimento do protestantismo, Mazarin em Julho de 1659 fez destruir o seu [dos descendentes merovíngios] castelo de Barberie que datava do século XII (Nièvre, França). Esta casa não tem gerado através dos séculos senão agitadores secretos contra a Igreja…"[17]
Segundo Plantard, em 1188 o Priorado de Sião ter-se-ia separado dos Templários, passando a operar às escondidas (Plantard chamou a esta separação "corte do olmo"), tornando-se uma "sociedade secreta" da elite, enquanto os Templários foram violentamente atacados pelo rei francês Filipe IV, o Belo e pelo Papa Clemente V. Em 13 de Outubro de 1307, Filipe IV ordenou a prisão de todos os Cavaleiros Templários. Este evento deu origem à superstição do azar nas sextas-feiras 13. Uma lenda diz que na noite anterior à detenção, um número desconhecido de Cavaleiros teria partido de França com dezoito navios carregados com o lendário tesouro da Ordem. Uma parte desses navios teria aportado na Escócia e os Templários ter-se-iam fundido noutros movimentos, fazendo sobreviver as seus ideais ao longo dos séculos seguintes.

A Abadia de Nossa Senhora do Monte Sião

Plantard tinha várias razões para escolher o nome "Priorado de Sião" para a sua organização. O seu fascínio pelo esoterista Paul Lecour, fundador do movimento Atlantis, fizera-o entusiasmar-se pela sugestão de Lecour, que recomendara que a juventude cristã francesa rejuvenescesse os ideais da Cavalaria, fundando "priorados" regionais. Perto da casa de Plantard, em Annemasse, ficava a colina do Monte-Sião, o que explica que Plantard chamasse ao seu priorado o "Priorado de Sião". Mas Plantard sabia que, escolhendo este nome, também ganharia a vantagem de poder aproveitar a história de organizações mais antigas.
Plantard escolheu datar a fundação do seu Priorado de Sião em 1099, na Terra Santa, porque se inspirara na Abadia de Nossa Senhora do Monte Sião, uma congregação monacal do século XI.
Diz o investigador francês Pierre Jarnac[18] que a Abadia de Nossa Senhora de Monte Sião, fundada em Jerusalém por Godofredo de Bulhão em 1099, tinha a sua residência de S. Leonardo na cidade de S. João de Acre. Em 1149, aquando do regresso da Cruzada, o rei Luís VII trouxe consigo alguns monges da Abadia do Monte Sião, que se fixaram no priorado de Saint-Samson de Orleães, propriedade da casa de Jerusalém. Esta doação foi confirmada pelo Papa Adriano em 1158. Contudo, na Terra Santa, a Abadia subsistiria por pouco mais de um século, porque uma acta de 1281 dá conta da existência de apenas dois religiosos de coro, que passariam a apenas um, em 1289. Adão, falecido no início de 1291, foi o último abade da Abadia de Nossa Senhora do Monte Sião em S. Leonardo de Acre. Neste ano, os Muçulmanos tomaram Acre aos Cruzados, o que deixou os religiosos de Monte Sião numa situação frágil. Os últimos monges que restava na Abadia mudaram-se para a Sicília, a convite do conde Roger e da sua mulher, a princesa Adelásia, ficando a residir em Saint-Esprit, perto de Catalanizetta.
Na história desta pequena abadia, nada existe que a relacione com Maria Madalena ou com os Templários, conforme tem sido sugerido pela recente literatura sensacionalista. Plantard simplesmente resgatou alguns dados da história desta pequena abadia para tentar dar mais consistência história.

O Grão Mestre

Sir Isaac Newton, acusado por Plantard de ser o 19º Grão-Mestre.
 
 
 
Leonardo da Vinci, alegado 12ª Grão-Mestre do Priorado de Sião.
 
 
 
O Priorado de Sião era encabeçado por um Nautonnier, palavra francesa equivalente a Grão-Mestre na língua portuguesa. Outro fato polêmico referente ao Priorado de Sião era a sua liderança, que segundo Plantard seria conferida a grandes nomes da ciência e da cultura mundial. A lista mais provável dos líderes do Priorado de Sião, publicada por Plantard no documento Dossiers Secrets d'Henri Lobineau em 1967, é a seguinte:
  1. Jean de Gisors (1188–1220)
  2. Marie de Saint-Clair (1220–1266)
  3. Guillaume de Gisors (1266–1307)
  4. Edouard de Bar (1307–1336)
  5. Jeanne de Bar (1336–1351)
  6. Jean de Saint-Clair (1351–1366)
  7. Blanche d'Evreux (1366–1398)
  8. Nicolas Flamel (1398–1418)
  9. Renato d'Anjou (1418–1480)
  10. Iolande de Bar(1480–1483)
  11. Sandro Botticelli (1483–1510)
  12. Leonardo da Vinci (1510–1519)
  13. Charles III, Duque de Bourbon (1519–1527)
  14. Ferdinando Gonzaga (1527–1575)
  15. Louis de Nevers (1575–1595)
  16. Robert Fludd (1595–1637)
  17. Johann Valentin Andrea (1637–1654)
  18. Robert Boyle (1654–1691)
  19. Sir Isaac Newton (1691–1727)
  20. Charles Radclyffe (1727–1746)
  21. Príncipe Charles de Lorraine (1746–1780)
  22. Arqueduque Maximilian Franz de Aústria (1780–1801)
  23. Charles Nodier (1801–1844)
  24. Victor Hugo (1844–1885)
  25. Claude Debussy (1885–1918)
  26. Jean Cocteau (1918–1963)
Um documento posterior chamado Le Cercle d'Ulysse identifica François Ducaud-Bourget, um padre católico tradicionalista que Plantard havia decrito como o Grão-Mestre após a morte de Cocteau. Plantard é postriormente identificado como o próximo Grão-Mestre.
Quando os supostos segredos da sociedade foram tidos como uma conspiração por pesquisadores franceses, Plantard manteve o silêncio. Durante a sua tentativa de recriar o Priorado de Sião em 1989, Plantard procurou distanciar-se da primeira lista de Grãos-Mestres e publicou uma segunda suposta lista de Mestres:
  1. Jean-Tim Negri d'Albes (1681–1703)
  2. François d'Hautpoul (1703–1726)
  3. André Hercule de Fleury (1726–1766)
  4. Príncipe Charles de Lorraine (1766–1780)
  5. Arqueduque Maximilian Franz de Aústria (1780–1801)
  6. Charles Nodier (1801–1844)
  7. Victor Hugo (1844–1885)
  8. Claude Debussy (1885–1918)
  9. Jean Cocteau (1918–1963)
  10. François Balphangon (1963–1969)
  11. John Drick (1969–1981)
  12. Pierre Plantard (1981)
  13. Philippe de Chérisey (1984–1985)
  14. Roger-Patrice Pelat (1985–1989)
  15. Pierre Plantard (1989)
  16. Thomas Plantard de Saint-Clair (1989)
  17. Nicolas Haywood (2005)
Em 1993, Plantard reconheceu que ambas as listas eram fraudulentas quando foi investigado por um juiz durante o Caso Pelat.

CONCÍLIO DE NICEIA

Primeiro Concílio de Niceia




Primeiro Concílio de Niceia
Ícone retratando o Primeiro Concílio de Niceia.
Ícone retratando o Primeiro Concílio de Niceia.
Data 20 de maio de 325 - 19 de junho de 325
Aceito por Católicos, Ortodoxos e Protestantes
Concílio anterior Concílio de Jerusalém
Concílio seguinte Primeiro Concílio de Constantinopla
Convocado por Imperador Constantino I
Presidido por Bispo Alexandre de Alexandria ou Osio Bispo de Córdoba
Afluência 250-318
Tópicos de discussão Arianismo, celebração da Páscoa, cisma de Melécio, batismo de heréticos e o estatuto dos prisioneiros na perseguição de Licínio.
Documentos O Credo Niceno original, os cânones
Todos os Concílios Ecuménicos Católicos
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O Primeiro Concílio de Niceia foi um concílio de bispos cristãos reunidos na cidade de Niceia da Bitínia (atual İznik, Turquia), pelo imperador romano Constantino I em 325 A.D.. O concílio foi a primeira tentativa de obter um consenso da igreja através de uma assembleia representando toda a cristandade.[1]
O seu principal feito foi o estabelecimento da questão cristológica entre Jesus e Deus, o Pai; a construção da primeira parte do Credo Niceno; a fixação da data da Páscoa; e a promulgação da lei canônica.[2][3]

Localização e participantes

Niceia (hoje İznik), é uma cidade da Anatólia (hoje parte da Turquia). No verão de 325, os bispos de todas as províncias foram chamados ao primeiro concílio ecumênico em Niceia: um lugar facilmente acessível à maioria dos bispos, especialmente aos da Ásia, Síria, Palestina, Egipto, Grécia, Trácia e Egrisi (Geórgia ocidental). O número dos membros não pode exatamente ser indicado; Atanásio contou 318, Eusébio somente 250. Foram oferecidas aos bispos as comodidades do sistema de transporte imperial - livre transporte e alojamento de e para o local da conferência - para encorajar a maior audiência possível. Constantino abriu formalmente a sessão.
A religião cristã nesses tempos era majoritária unicamente no Oriente. No Ocidente era ainda minoritária, especialmente entre os pagãos, vilas rústicas. Daí o nome de pagãos para os gentios. Uma exceção era a região de Cartago ou Túnis. Portanto, os bispos orientais estavam em maioria; na primeira linha de influência hierárquica estavam três arcebispos: Alexandre de Alexandria, Eustátio de Antioquia, e Macário de Jerusalém, bem como Eusébio de Nicomédia e Eusébio de Cesareia. Entre os bispos encontravam-se Stratofilus, Bispo de Pitiunt (Bichvinta, reino de Egrisi).
O ocidente enviou não mais de cinco representantes na proporção relativa das províncias: Marcus de Calábria de Itália, Ceciliano de Cartago de África, Ósio de Córdoba (Hispânia), Nicasius de Dijon, na França, e Domnus de Stridon da província do Danúbio. Estes dignitários eclesiásticos naturalmente não viajaram sozinhos, mas cada qual com sua comitiva, de modo que Eusébio refere um grupo numeroso de padres acompanhantes, diáconos e acólitos.
Entre os presentes encontrava-se Atanásio, um diácono novo e companheiro do Bispo Alexandre de Alexandria, que se distinguiu como o "lutador mais vigoroso contra os arianos" e similarmente o patriarca Alexandre de Constantinopla, um presbítero, como o representante de seu bispo, mais velho.
O Papa em exercício na época, Silvestre I, não compareceu ao Concílio, porque os Papas não participavam dos primeiros Concílios, pois eles aconteceram no Oriente e a grande distância fazia com que enviassem representantes seus. Entretanto, importante ressaltar que as sedes patriarcais sempre eram consultadas na resolução das grandes questões. Silvestre já fora informado da condenação de Ário ocorrida no Sínodo de Alexandria (320 a 321) e para o Concílio de Niceia enviou dois representantes Vito e Vicente (presbíteros romanos).
Ao que parece, quem presidiu o Concílio foi o Bispo Osio. Que Osio presidiu o Concílio afirma-o Atanásio, contemporâneo de fato (Apol. de fuga sua, c. 5), afirmam-no implicitamente os próprios arianos escrevendo que ele "publicara o sínodo de Niceia" (Ap. Athânas, Hist. arian. c. 42)".
Outra fonte da influência, apesar do não comparecimento do Bispo de Roma, é que as assinaturas dos três clérigos - Osio, Vito e Vicente - estão sempre em primeiro lugar, bem como a citação de seus nomes pelos historiadores do Concílio, o que seria estranho, dado que o Concílio se deu no Oriente, e os três clérigos eram ocidentais - o primeiro um Bispo espanhol e os outros dois sacerdotes romanos. Só o fato de serem representantes do Papa explicaria tal comportamento.

As questões doutrinárias

Este Concílio deliberou sobre as grandes controvérsias doutrinais do Cristianismo nos séculos IV e V. Foi efetuada uma união entre o extraordinário eclesiástico dos conselhos e o Estado, que concedeu às deliberações deste corpo o poder imperial. Sínodos anteriores tinham-se dado por satisfeitos com a proteção de doutrinas heréticas; mas o concílio de Niceia foi caracterizado pela etapa adicional de uma posição mais ofensiva, com artigos minuciosamente elaborados sobre a fé. Este concílio teve uma importância especial também porque as perseguições aos cristãos tinham recentemente terminado, com o Édito de Constantino.
A questão ariana representava um grande obstáculo à realização da ideia de Constantino de um império universal, que deveria ser alcançado com a ajuda da uniformidade da adoração divina.
Ícone com os Pais Sagrados do Primeiro Concílio de Niceia que seguram o Credo Niceno-Constantinopolitano
Os pontos discutidos no sínodo eram:
Embora algumas obras afirmem que no Concílio de Niceia discutiu-se quais evangelhos fariam parte da Bíblia não há menção de que esse assunto estivesse em pauta, nem nas informações dos historiadores do Concílio, nem nas Atas do Concílio que chegaram a nós em três fragmentos: o Símbolo dos apóstolos, os cânones, e o decreto senoidal. O Cânone Muratori, do ano 170, portanto cerca de 150 anos anterior ao Concílio, já mencionava os evangelhos que fariam parte da Bíblia. Outros escritores cristãos anteriores ao Concílio, como Justino Mártir, Ireneu de Lyon, Papias de Hierápolis, também já abordavam a questão dos evangelhos que fariam parte da Bíblia.
É um fato reconhecido que o anti-judaísmo, ou o anti-semitismo cristão, ganhou um novo impulso com a tomada do controle do Império Romano, sendo o concílio de Niceia um marco neste sentido. Os posteriores Concílios da Igreja manteriam esta linha. O Concílio de Antioquia (341) proibiu aos cristãos a celebração da Páscoa com os Judeus. O Concílio de Laodiceia proibiu os cristãos de observar o Shabbat e de receber prendas de judeus ou mesmo de comer pão ázimo nos festejos judaicos.

Historiadores do Concílio de Niceia

Uma boa fonte para o estudo deste período histórico é-nos apresentada hoje sob a forma da obra de Edward Gibbon, um historiador representativo do iluminismo inglês do século XVIII, ainda hoje lida e traduzida para várias línguas: A história do declínio e queda do império romano.
Há diversas obras a respeito do Concílio de Niceia, mas de fato os historiadores que gozam de mais credibilidade e são a fonte desse período histórico para os demais autores são os próprios contemporâneos do Concílio de Niceia: Eusébio de Cesareia, Sócrates de Constantinopla, Sozomeno, Teodoreto e Rufino, junto com algumas informações conservadas por Atanásio e uma história do Concílio de Nicéia escrita em grego no século V por Gelásio de Cícico.

O carácter, a sociedade, e os problemas

A cristandade do século II não concordava sobre a data de celebração da Páscoa da ressurreição. As igrejas da Ásia Menor, entre elas a importante igreja de Éfeso, celebravam-na, juntamente com os judeus, no 14º dia da primeira lua da primavera (o 14º Nisan, segundo o calendário judaico), sem levar em consideração o dia da semana. Já as igrejas de Roma e de Alexandria, juntamente com muitas outras igrejas tanto ocidentais quanto orientais, celebravam-na no domingo subsequente ao 14º Nisan. Com vistas à fixação de uma data comum, em 154 ou 155, o bispo Policarpo de Esmirna, entrou em contato com o papa Aniceto, mas nenhuma unificação foi conseguida e o assunto permaneceu em aberto.
Foi no concílio de Niceia que se decidiu então resolver a questão estabelecendo que a Páscoa dos cristãos seria sempre celebrada no domingo seguinte ao plenilúnio após o equinócio da primavera. Apesar de todo esse esforço, as diferenças de calendário entre Ocidente e Oriente fizeram com que esta vontade de festejar a Páscoa em toda a parte no mesmo dia continuasse sendo um belo sonho, e isso até os dias de hoje.
Além desse problema menor, outra questão mais séria incomodava a cristandade católica: como conciliar a divindade de Jesus Cristo com o dogma de fé num único Deus?
Na época a inteligência dos cristãos ainda estava à procura de uma fórmula satisfatória para a questão, embora já houvesse a consciência da imutabilidade de Deus e da existência divina do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Nesse quadro, um presbítero de nome Ário passa a defender em Alexandria a ideia de que Jesus é uma "criatura do Pai", não sendo, portanto, eterno. Em suas pregações, Ário por várias vezes insistia em afirmar em tom provocativo que "houve um tempo em que o Filho não existia". Dizia que Cristo teria sido apenas um instrumento de Deus mas sem natureza divina. A esse ensinamento de Ário aderiram outros bispos e presbíteros. Sobretudo, o bispo Eusébio de Cesareia, conhecido escritor da igreja, que se colocou do lado de Ário.
Por outro lado, a doutrina de Ário, ou arianismo, foi prontamente repudiada pelo restante dos cristãos, que viam nela uma negação do dogma da Encarnação. O repúdio mais radical talvez Ário tenha encontrado no bispo Alexandre de Alexandria e no diácono Atanásio, que defendiam enfaticamente a divindade de Cristo. Um sínodo foi convocado e a doutrina do Ário foi excluída da igreja em 318. Mas o número de seus adeptos já era tão grande que a doutrina não pode ser mais silenciada. A situação se agravava cada vez mais e, desejoso de resolver de vez a questão, o imperador Constantino, que recentemente, no ano de 324 d.C., havia se tornado o imperador também do oriente convoca um concílio ecumênico.
Dado este importante, pois apesar de Constantino agora ser o imperador também do oriente mostra a independência que os Bispos orientais (a maioria no Concílio) tinham do seu recente imperador.


Os procedimentos

 

 

O Concílio de Niceia.
 
 
 
 
O concílio foi aberto formalmente a 20 de maio, na estrutura central do palácio imperial, ocupando-se com discussões preparatórias na questão ariana, em que Arius, com alguns seguidores, em especial Eusébio de Nicomédia, Teógnis de Nice, e Máris de Calcedônia, parecem ter sido os principais líderes; as sessões regulares, no entanto, começaram somente com a chegada do imperador. O imperador abriu a sessão na condição de presidente de honra e, depois, assistiu às sessões posteriores, mas a direção das discussões teológicas ficou com as autoridades eclesiásticas do Concílio.
Nem Eusébio de Cesárea, Sócrates, Sozomeno, Rufino nem Gelásio de Cícico proporcionam detalhes das discussões teológicas. Rufino nos diz tão somente que se celebraram sessões diárias, as opiniões de Ário eram escutadas e discutidas com seriedade, apesar que a maioria se declarava energicamente contra suas doutrinas.
No início os arianos e os ortodoxos mostraram-se incondescendentes entre si. Os arianos confiaram a representação de seus interesses a Eusébio de Cesareia, cujo nível e a eloquência fez uma boa impressão perante o imperador. A sua leitura da confissão dos arianos provocou uma tempestade de raiva entre os oponentes.
No seu interesse, assim como para sua própria causa, Eusébio, depois de ter cessado de representar os arianos, apareceu como um mediador. Apresentou o símbolo (credo) baptismal de Cesareia que acabou por se tornar a base do Credo niceno.
A votação final, quanto ao reconhecimento da divindade de Cristo, foi um total de 300 votos a favor contra 2 desfavoráveis. A doutrina de Ario foi anatematizada e os 2 Bispos que votaram contra e mantiveram sua posição contrariando a posição do Concílio foram exilados pelo imperador.

A profissão de Fé e os cânones do Concílio de Niceia

O Concílio de Niceia estabeleceu 20 cânones, os quais darão sequência ao Credo. Um breve resumo de seu conteúdo:
  • Cânon I - Eunucos podem ser recebidos entre os clérigos, mas não serão aceitos aqueles que se castram.
  • Cânon II - Referente a não promoção imediata ao presbiterato daqueles que provieram do paganismo.
  • Cânon III - Nenhum deles deverá ter uma mulher em sua causa, exceto sua mãe, irmã e pessoas totalmente acima de suspeita.
  • Cânon IV - Relativo a escolha dos Bispos.
  • Cânon V - Relativo a excomunhão.
  • Cânon VI – Relativo aos patriarcas e sua jurisdição.
  • Cânon VII - O Bispo de Jerusalém seja honorificado, preservando-se intactos os direitos da Metrópole.
  • Cânon VIII - Refere-se aos novacianos.
  • Cânon IX - Quem quer que for ordenado sem exame deverá ser deposto, se depois vier a ser descoberto que foi culpado de crime.
  • Cânon X - Alguém que apostatou deve ser deposto, tivessem ou não consciência de sua culpa os que o ordenaram.
  • Cânon XI – Penitência que deve ser imposta aos apóstatas na perseguição de Licínio.
  • Cânon XII - Penitência que deve ser feita àqueles que apoiaram Licínio na sua guerra contra os cristãos.
  • Cânon XIII - Indulgência que deve ser dada aos moribundos.
  • Cânon XIV – Penitência que deve ser imposta aos catecúmenos que caíram em apostasia.
  • Cânon XV - Bispos, presbíteros e diáconos não se transferirão de cidade para cidade, mas deverão ser reconduzidos, se tentarem fazê-lo, para a igreja para a qual foram ordenados.
  • Cânon XVI - Os presbíteros ou diáconos que desertarem de sua própria igreja não devem ser admitidos em outra, mas devem ser devolvidos à sua própria diocese. A ordenação deve ser cancelada se algum bispo ordenar alguém que pertence a outra igreja, sem consentimento do bispo dessa igreja.
  • Cânon XVII - Se alguém do clero praticar usura deve ser excluído e deposto.
  • Cânon XVIII - Os diáconos devem permanecer dentro de suas atribuições. Não devem administrar a Eucaristia a presbíteros, nem tomá-la antes deles, nem sentar-se entre os presbíteros. Pois que tudo isso é contrário ao cânon e à correta ordem.
  • Cânon XIX – As regras a se seguir a respeito dos partidários de Paulo de Samósata que desejam retornar a Igreja.
  • Cânon XX - Nos dias do Senhor (refere-se aos domingos) e de Pentecostes, todos devem rezar de pé e não ajoelhados.
Nas atas do Concílio de Niceia, assinadas por todos os bispos participantes, com exceção dos dois seguidores de Ario, constou o texto da seguinte profissão de Fé:
Cremos em um só Deus, Pai todo poderoso, Criador de todas as coisas, visíveis e invisíveis; E em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho de Deus, gerado do Pai, unigênito, isto é, da substância do Pai, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial do Pai, por quem todas as coisas foram feitas no céu e na terra, o qual por causa de nós homens e por causa de nossa salvação desceu, se encarnou e se fez homem, padeceu e ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus e virá para julgar os vivos e os mortos; E no Espírito Santo. Mas quantos àqueles que dizem: 'existiu quando não era' e 'antes que nascesse não era' e 'foi feito do nada', ou àqueles que afirmam que o Filho de Deus é uma hipóstase ou substância diferente, ou foi criado, ou é sujeito à alteração e mudança, a estes a Igreja Católica anatematiza
 
Credo de Niceia,